Neste mês julho, faz 12 anos que um ilustre brasileiro recebeu um título de cidadão paraibano. José Wilker era nordestino, nascido em Juazeiro do Norte (CE), no dia 20 de agosto de 1947, e morreu aos 66 anos, na casa dele no Rio de Janeiro, em 05 de abril de 2014.
O que pouca gente sabe é que José Wilker fez seu primeiro espetáculo aqui em Sapé, antes de estrear no palco do teatro Santa Roza, em João Pessoa. Wilker também trabalhou no filme “Cabra Marcado para Morrer”, documentário de Eduardo Coutinho sobre a vida de João Pedro Teixeira, líder das ligas camponesas em Sapé. Assim, fiz uma pesquisa em jornais da época e em sites como o da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba para contar um pouco dessa história aos sapeenses.
O ator e crítico de cinema, Wilker recebeu no dia 15/07/2008 o título de Cidadão Paraibano em solenidade realizada na Assembleia Legislativa da Paraíba. A propositura da homenagem foi do deputado Fabiano Lucena. “Trabalhei na Paraíba nos anos 60, fiz teatro também em Sapé. Foi um período formador do meu caráter, da minha vocação, do meu caminho a trilhar como ator”, disse o Wilker na ocasião.
José Wilker foi a Recife no final de 1963 para fazer
cinema e chegou a trabalhar com Eduardo Coutinho no documentário “Cabra Marcado
para Morrer”, quando ainda era ficção. “Cabra Marcado”, na origem, era uma
adaptação do poema de Ferreira Goulart que era inspirado em João Pedro Teixeira,
que foi o primeiro camponês a criar uma liga camponesa em Sapé, na Paraíba.
“Minha inclinação era trabalhar em cinema e nem mesmo como ator. Queria trabalhar
na área técnica: em roteiro, fotografia, câmera, direção. E o que eu fiz nessa
época foi mais ou menos isso”, relatou.
Wilker disse à época que
sua primeira janela para o mundo foi aberta na Paraíba. “Eu tinha em torno de cinco anos
e imaginava que o mundo se limita a Juazeiro, naquela época uma cidade muito
pequena. Eu vi que o mundo era maior do que isso quando pude conhecer
Cajazeiras, Patos, Campina Grande através do meu pai”, recorda.
Além disso, Wilker
relembra que a Paraíba teve outra grande importância em sua vida. Foi em João
Pessoa que ele arrumou sua primeira namorada. “Morava em Recife e vinha aqui de
ônibus. Tinha autorização para namorar até às dez da noite. Depois disso,
ficava zanzando na Lagoa, esperando o dia clarear para pegar o ônibus de volta.
Tudo o que é fundamental pra mim, passou por aqui”, disse Wilker.
Outro capítulo
importante na vida do ator teve início em João Pessoa. A primeira vez que atuou
em um teatro foi no Santa Roza. “Era a peça A Vota de Camaleão Alface, de
Maria Clara Machado, e antes disso, nós fizemos uma memorável apresentação do
espetáculo em Sapé, numa homenagem ao líder camponês João Pedro Teixeira”,
revelou.
Por ocasião da visita a
João Pessoa para receber o título de cidadão, o ator visitou a Estação Cabo
Branco e conheceu o complexo arquitetônico assinado por Oscar Niemeyer e suas
potencialidades como difusão da ciência e das artes.
Tenho saudades de José
Wilker em papéis memoráveis como Roque Santeiro e o Giovanni Improtta em Senhora do
Destino. Profundo conhecedor do cinema, José Wilker todos os anos também
comentava a entrega do Oscar.